SØSSEGO
Estávamos lá dentro da casa, na sala. Estava tudo amontoado, malas, pessoas, móveis. Uma hora ou outra alguém sempre olhava pra mim com um olhar estranho. Só Yan que não, pois ele sabia da senhora, ele também havia isto ela.
Senhor Xiao: Então… vamos separar os quartos.
Jinghua Xu: Meu quarto acomoda quatro pessoas, Yan, Lucas e Yooji podem ficar lá.
Senhor Xiao: Naquele quarto que dormia a maioria, pode dormir o resto do pessoal.
Alice: Esse quarto deve ser realmente grande não é?
Yooji: Na verdade é o maior da casa.
Ana: Será que caberá todo mundo?
Senhor Xiao: Sim. Quando os outros dormiram aqui, dormiram em sete naquele quarto.
Yan: E nossas malas?
Jinghua Xu: Podemos deixar aqui, por enquanto.
Marlon: Só tem uma coisa.
Tiemi: O que é?
Marlon: Onde é o banheiro? Preciso tomar um banho.
Senhor Xiao: É entrando no corredor, a segunda porta a direita.
Larguei a raquete do lado da mochila que Ana me entregou. Abri minha mala que estava perto de mim, tirei algumas roupas e minha toalha. Entrei pelo corredor, e fui seguindo até a segunda porta a direita, entrando o banheiro não era tão diferente do banheiro do Brasil. Eu soltei minhas roupas no canto, e fui tirando as roupas que eu estava no corpo.
Marlon: Ih caramba. Esse curativo vai ter que agüentar. Não vou querer fazer outro.
Entrei no chuveiro, só tinha água morna. Mais dava pra encarar, estava sol. Mais eu odiava tomar banho em água fria ou gelada. Comecei cantar Clarence Henry - Ain't Got No Home. Música que o Sam Emerson (Corey Haim) canta quando toma banho no filme The Lost Boys (Os Garotos Perdidos) de 1987. Passado alguns minutos, Yan começou a bater na porta.
Yan: Vamos logo cara.
Marlon: Tá bom. To saindo.
Desliguei o chuveiro e comecei a pensar sobre como viemos parar aqui. Cada detalhe. Já vestido, abri a porta e Yan veio correndo pra dentro do banheiro.
Marlon: O que aconteceu cara? Ou tudo isso é só pra tomar um bom banho logo?
Yan: Você ainda não tinha muito de zumbi em você como eu. Sai logo, me deixa tirar isso logo.
Marlon: Tá. Tá bom.
Saí do banheiro com a toalha nos ombros, com uma roupa limpa, cheirosa e arrumada, eu estava até mais leve. Calça jeans, camiseta e tênis. Era a única coisa que eu sempre usei, e irei continuar usando. Voltei para sala, e Felipe escutava os chiados do rádio:
Felipe: Nenhum funciona.
Marlon: Droga. O que acha? Isso foi no mundo inteiro?
Felipe: Talvez sim. Talvez não. Não sei.
Ele continuou a mexer no rádio, eu retornei para o corredor e comecei a procurar o quarto em que eu iria ficar. Na primeira porta a direita, a porta estava aberta e Ana e Jinghua Xu estavam lá conversando. Não deve ser ali, continuei andando.
Cheguei até o quarto em que estava Yooji, Alice e Lucas.
Alice: …Então é assim?
Yooji: Sim.
Yooji estava ensinando Alice a manipular o pé de cabra, mais do que simplesmente bater. Lucas assistia.
Marlon: Ah… oi.
Lucas: Aí.
Alice: Venha assistir eu aprender a usar o pé de cabra.
Yooji: Senta por aí.
Não tenho de melhor pra fazer mesmo. Eu sentei perto de Lucas e fiquei observando o ensinamento.
Eu me levantei do chão e saí do quarto, passei pela porta do banheiro e Yan cantava Kate Perry.
Marlon: Ele precisa ouvir músicas melhores. Haha.
Chegando à sala, peguei minha raquete que estava ao lado da minha mochila em cima da mala e fui lá pra fora. Devia ser 13h00mmin e eu estava com fome, mais enquanto ninguém fala nada, vou praticar um pouquinho.
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Tiemi cozinhava e logo Ana e Jinghua Xu passam pela porta da cozinha, se sentam á mesa, e começam o bate papo.
Jinghua Xu: E então, nos conte como o Marlon te salvou. Você não contou ainda.
Tiemi: Ah. Eu ia me jogar de uma ponte, e ele me puxou.
Ana: Porque ia fazer isso?
Tiemi: Porque eu achei que não havia mais ninguém vivo.
Jinghua Xu: Eu sabia. Os telefones sem funcionar, a internet, TVs. Tudo fora do ar.
Ana: Mais… sinceramente, você achou que não ia ficar ninguém vivo?
Tiemi: Sim.
Jinghua Xu: Agora… o que acham de mudar de assunto?
Ana: Vamos falar dos gatinhos da casa.
Jinghua Xu: O Yan é o mais bonito.
Tiemi: Desculpa amiga, mais o Marlon ganha.
Ana: O que? Vocês estão loucas? Já viram o meu salvador? Ele é um Deus grego, quer dizer, Deus Oriental.
Tiemi: Felipe?
Jinghua Xu: Ele é bem quieto. Não acham?
Ana: Ele só é tímido.
Lucas: Quem só é tímido?
Jinghua Xu: O Fe…
Ana: O Feijão. Nunca viu a propaganda do feijão da Record lá no Brasil?
Lucas: Eu não. Só assistia canais fechados de parabólica.
Tiemi: O almoço está quase pronto. Chamem os outros.
Ana: Eu vou chamar.
Ana saiu da cozinha, e Lucas se sentou no lugar em que Ana estava.
Tiemi: Ela gosta do Felipe seu amigo.
Lucas: Haha. Sério?
Jinghua Xu: Sim. O salvador dela.
Lucas: Deixa isso pra lá. Eles que se entendam.
Tiemi: Tem razão.
Marlon: Hum. Que cheiro bom.
Ana: A Tiemi cozinha muito bem. Pelo menos o cheiro está maravilhoso.
Eu fui me sentando à mesa, e logo Tiemi me passou um prato de comida, e começou a distribuir os pratos para todos. E logo o Senhor Xiao chegou.
Ele se sentou e também começou a comer, eu comia e entre uma bocada e outra com os hashis, olhava para todos na mesa.
Alice: E agora? O que devemos fazer?
Marlon: Conseguir armas.
Felipe: Devemos ir há uma base militar.
Yan: Na mosca.
Senhor Xiao: Ninguém vai sair daqui.
Ana: O QUE?
Jinghua Xu: O que foi pai?
Senhor Xiao: Estou cansado de ver mortes ou saber de mortes ultimamente e inutilmente.
Lucas: Então é só ficar aqui.
Senhor Xiao: Se forem não devem voltar mais.
Jinghua Xu: PAPAI? O QUE O SENHOR DISSE?
Jinghua Xu saiu correndo da cozinha, Yan se levantou e foi atrás.
Senhor Xiao: Eu não quero perder minha filha.
Marlon: Nós entendemos, mais precisamos ter algum trunfo, algum Ás debaixo da camiseta. Algumas coisas a mais no porta-malas.
Falei isso me lembrando do Talahasse do Zumbilandia.
Senhor Xiao: Então deverão achar outro lugar pra ficar.
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Fora da casa, Jinghua Xu chorava encostada no carro, eu andava devagar até ela, ela estava tão triste.
Yan: Jinghua, por favor, não chore.
Jinghua Xu: Ele não quer deixar agente sair. E se nós sairmos, eu nunca mais vou vê-lo.
Yan: Eu…
Eu tinha é que bolar algo.
Yan: Eu fico aqui com você. E os outros vão. Quando eles voltarem, nós poderemos ir para outro lugar, ou até lá, podemos convencer seu pai.
Jinghua Xu: Yan. Você não conhece meu pai.
Yan: Eu conheço apenas a vontade de te ajudar.
Ela me olhou com os olhos mergulhados em lágrimas, e me abraçou. Me abraçou forte, parecia até que ia me esmagar de tão forte,… eu apenas a abracei também.
Yan: Vamos ver isso amanhã ok? Os outros também vão querer ver isso amanhã.
Jinghua Xu: Obrigada Yan. Eu…
Yan: Somente me deixe ficar aqui com você.
Encostado no carro, eu pude pensar mais claramente. Abraçado com Jinghua Xu, que volta e meia deixava escapar.
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Terminando de “almoçar” (poderia ser umas três da tarde, não acho que poderia chamar de almoço) Ana e Alice lavavam a louça com Lucas e Felipe sentados na mesa batendo papo.
Lucas: Cara, e agora? Vamos ficar aqui?
Felipe: Não. Alguém vai bolar algo pra irmos.
Alice: Espero que sim. Eu não vou agüentar lavar louça.
Ana: Muito menos eu.
Yooji e o senhor Xiao conversavam na sala. Eu estava no quarto, e Tiemi acabara de chegar, e estava deitada na cama.
Marlon: Você está bem?
Tiemi: Com exceção da tensão na hora de comer, sim.
Cheguei perto da cama em que ela estava deitada e me sentei do lado dela.
Marlon: Você realmente está bem?
Tiemi: Estou tudo, menos bem nesse momento.
Marlon: Eu estou sempre ao seu lado. Nunca se esqueça, eu… te protegerei de qualquer coisa.
Tiemi: Obrigada.
Tiemi se levantou e fico sentada ao meu lado.
Marlon: Não fica assim tão perto. Não é seguro.
Tiemi: Porque não?
Olhei para ela com uma expressão séria.
Tiemi: EU sei que não é seguro. Não estou preocupada.
Marlon: Tem certeza?
Tiemi: Toda certeza do mundo.
Olhando para Tiemi, ela estava com aquele sorriso tímido no rosto. Ela pegou na minha mão.
Marlon: Tiemi eu…
Tiemi: Shhhh…!
Tiemi fez sinal pra eu ficar quieto, e veio se aproximando para me beijar. Eu apenas fechei os olhos e deixei rolar.
Enquanto nos beijávamos, Tiemi segurava forte minha mão. Até que ela parou e se afastou.
Marlon: Fiz algo de errado?
Tiemi: Não. Eu…
Yan: Marlon venha aqui.
Droga. Justo nessa hora, Yan chega pra me interromper.
Marlon: O que aconteceu cara?
Yan: Vocês dois, sem perguntas, apenas venham.
Tiemi pegou em minha mão, como se fossemos namorados, na hora eu estranhei. Mais Yan estava com pressa, então fomos correndo seguindo-o.
Chegamos ao quarto de Jinghua Xu. Estavam todos lá, menos Yooji e o pai de Jinghua.
Alice: Pronto, todos aqui.
Lucas: Agora podemos começar?
Tiemi: Começar o que?
Ana: Reunião.
Marlon: Reunião? Para que?
Yan: Pra gente saber o que fazer amanhã.
Jinghua Xu: Eu não quero ir com vocês, e depois não ver mais meu pai.
Felipe: Mais nós temos que pegar armas.
Yan: Tá difícil assim.
Ana: O que faremos?
Yan: Já sei!
Marlon: Fala Dexter!
Yan: Podemos sair amanhã a noite.
Felipe: Enquanto ele estiver dormindo.
Tiemi: Isso. Bem mais fácil.
Jinghua Xu: Mais teremos que voltar muito rápido, e sem barulho.
Ana: Que cabeça hein Yan.
Marlon: Então tá feito né?
Jinghua Xu: É um bom plano.
Lucas: Mais precisamos pensar em outro, até amanhã à noite.
Marlon: Certo. Eu to meio cansado. Vou deitar um pouco.
Alice: Já vai dormir?
Marlon: Não. Só deitar.
Fui para o outro quarto, o pessoal ficou lá conversando. Eu estava até meio zonzo. Chegando à primeira cama que vi, deitei. Meu corpo parecia um tijolo caindo, era como se eu tivesse sem dormir á dias. Caindo na cama, desmaiei. Dormi.
* * * *
Voltando a consciência rapidamente, me cutucavam como se eu tivesse morrendo, abri os olhos rapidamente. E era Tiemi me acordando.
Tiemi: Acorda, temos que ir.
Marlon: Calma. O que aconteceu? Agente só vai sair amanhã.
Tiemi: Eles estão aqui fora. Daqui a pouco vão invadir aqui.
Marlon: O que?