A FUGA DE UM CAUBØI
Eram umas oito horas da noite, eu acho, não sei se era mesmo, pois meu relógio não parecia ter a mesma vontade de funcionar como antes, ás vezes ele parava. Eu estava sentado no sofá e Alice chegou e sentou do meu lado.
Alice: Você está bem?
Marlon: Mais ou menos.
Alice: Verdade que você quer ir embora?
Marlon: Sim. Amanhã pela manhã.
Alice: Não vai não. Como nós ficaremos?
Marlon: Se quiserem vir… serão bem vindos.
Logo Yooji apareceu pra minha tristeza.
Yooji: É sério isso? Você vai embora? Não vai não.
Marlon: Acho que um dos motivos pra que eu vá, é pra não ver sua cara feia.
Yooji: Obrigado pela parte que me toca.
Alice: Para Yooji.
Marlon: Alice, eu vou sair daqui senão vou partir a cara desse cara.
Alice:…
Eu me levantei e saí da sala e fui em direção aos quartos. Caminhando pude pensar melhor e com clareza, eu posso muito bem sair daqui sozinho e ainda conseguir chegar a Goioerê, só preciso pensar.
???: Você não está sendo sensato.
Adivinha quem era? … é. É ela.
Marlon: Nem me venha. Não vou ouvir ninguém.
???: Eles precisam de você, e você deles.
Marlon: Pena. Precisando ou não, eu vou embora.
Cheguei ao quarto e percebi que alguém havia juntado as camas de beliche. Eu fui até a cama em que eu dormi e deitei e fechei os olhos.
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Yan nos reuniu na cozinha, o que será que tinha acontecido? Estava todo mundo lá, menos Marlon.
Lucas: Qual é a treta?
Yan: Bom… é que…
Yooji: O Marlon vai se mandar daqui.
Melissa: O que?
Jinghua Xu: Sério?
Lucas: Eu vou falar com ele.
Melissa: Não! Eu vou lá. E não quero que ninguém entre até eu sair.
Valle: Vai lá Mel.
Lucas: Yan, nós temos que conversar…
Aquela loirinha saiu da cozinha, e nós ficamos lá conversando sobre a possível saída de Marlon. Eu já não estava me importando com nada nesse momento, somente comigo e minha sobrevivência.
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Olhos fechados, corpo jogado em cima da cama, e uma vontade sem tamanho de voltar para Goioerê. Pra ser sincero voltar no tempo, quando eu podia estar com marcos e Gabriel andando pela cidade, que falta isso me fazia. Ficar sobrevivendo dia após dia só tem graça se você tem a pessoa que ama ao seu lado, e pra minha infelicidade… eu não tinha.
Marlon: Quero tudo de volta.
Ouvi passos chegando perto do quarto e fiquei quieto fingindo que estava dormindo. Logo Melissa entrou no quarto, percebi que era ela quando ela trancou a porta e se deitou na cama do meu lado.
Melissa: Marlon… Marlon… Marlon… Acorda Marlon…! … Marlon…
Enquanto ela me chamava ela me cutucava… meu braço e meu peito.
Melissa: Por favor,… não nos deixe. Eu quero tanto que você fique conosco. Não vá…
Estava quase pensando em abrir os olhos, e senti uma respiração sobre meu rosto, pensei na coisa mais impossível possível, às vezes um monstro em cima de mim, ou um zumbi. Mais era a coisa mais simples do mundo.
Melissa se aproximava de meu rosto e pouco a pouco montou (literalmente) em cima de mim, virou meu rosto para cima com suas duas mãos delicadas, parecia algodão a mão dela. Ela vagarosamente encostou sés lábios nos meus e ela os deixou parados por um tempo… depois ela começou a mexê-los iniciando assim o segundo beijo que ela me deu… parece que aquele beijo foi como se ela desse com suas últimas forças.
Melissa: Não vá.
Ela deitou do meu lado e colocou meu braço sobre ela, (como não sou bobo), eu fingi me mexer e envolvi meu braço nela. Ficamos um tempo assim, até que sua respiração foi ficando tranqüila. NOSSA! Ela estava nervosa com tudo isso! Não quis arriscar acordá-la, se ela acordasse seria ruim, só olhei ela um pouco… logo eu voltei como estava antes de olhar ela.
Estava pensando seriamente em poder ir direto pra Goioerê, ou lá perto. Seria bom. Mais acho que a gasolina do avião não daria.
Marlon: Droga. Como é que vou fazer?
Com os olhos fechados, senti minhas pálpebras pesarem e não foi tão difícil cair no sono.
* * * *
Acordei meu relógio dava cinco paras 10. Devia ser esse horário mesmo. Eu sentei na cama e não vi ninguém na cama ao lado, Melissa deve ter se levantado. Quando fui abrir a porta estava trancada.
Marlon: Ta de sacanagem.
Olhei para todos os lados, tentando me lembrar de onde eu tinha deixado minha raquete, enquanto não achava… vi um papel que pareceu ser jogado por debaixo da porta. Peguei o papel e abri pra ler.
“Marlon, não fique bravo… fomos á base militar que tem aqui na China, Yooji sabe onde é… não vamos demorar… eu acho!
Se cuide. ^^ “
Marlon: É brincadeira.
Eu não estava acreditando, quando olhei pro beliche de cima, havia comida e bebida.
Marlon: EI. VOCÊS SÓ PODEM ESTAR DE SACANAGEM NÉ? ACABOU A BRINCADEIRA… ANDEM LOGO E ME TIREM DAQUI SENÃO…
Já chega! Quis ser o bonzinho, mais não deu certo. Agora vou deixar tudo pra trás.
Comecei a procurar minha raquete como louco, e depois de alguns minutos revirando os armários e colchões eu achei minha raquete que estava debaixo da cama.
Marlon: Não acredito. Te achei coisinha linda, vamos sair daqui de uma vez por todas.
Peguei minha mochila que estava em um canto, coloquei em cima da cama e abri o zíper. E a primeira coisa que peguei foi um mapa.
Marlon: Preciso achar onde eu estou, e depois ir pra esse aeroporto, que é de lá que viemos e… tentar ressuscitar um piloto de avião pra me ajudar.
Guardei o mapa de volta na bolsa e a coloquei nas costas.
Marlon: Hora de enlouquecer ou emudecer!
Comecei a dar raquetadas no trinco da porta e o trinco rapidamente caiu, aí comecei a quebrar toda a parte da fechadura metendo raquetadas.
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Estávamos chegando perto daquele enorme lugar. Eu estava até com um frio na barriga.
Yooji: Meus caros amigos… está aí, a base militar.
Yan: Faremos o que temos que fazer e vamos embora.
Lucas: Só pra avisar que a 9 mm. É minha.
Lucas dirigia e muito devagar foi quebrando aquela barra (igual que tem nos pedágios). Entramos, e o lugar era imenso.
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Porta estava aberta, eu nem acredito. Depois de bastante trabalho, consegui abrir. Estava já fora do quarto quando me lembrei de uma coisa que não podia esquecer…
Marlon: Vocês vão comigo.
Disse olhando para alguns pacotes de bolacha e garrafas de água que estavam ali em cima do beliche, peguei alguns e os coloquei na mochila. Aproveitei pra pegar uma caneta e escrever algo para quando eles voltarem pra me ver.
“Yan, Lucas, pessoal! Porque me trancaram? Yan, você não pensou certo não é?
Haha. Espero que fiquem vivos. Fui para o Brasil. FUI!”
Deixei pendurado na parte que quebrei da porta e saí com a mochila nas costa e a raquete na mão esquerda.
Chegando á sala da casa, estava tudo normal… eu fui até a janela pra ver se havia alguém lá fora, ou alguma coisa. E pra minha sorte, não tinha nada além de árvores, uma estrada de terra, e um trator.
Saí da casa e olhando em volta, havia me esquecido dessa parte que eles tinham levado os carros.
Marlon: Sabe que… eu nunca dirigi um trator?
Montei no trator e o liguei, ele fazia um barulho infernal. Perto dos carros que o barulho era muito menor. Como cara feia e palavrões não adiantavam, eu apenas coloquei o trator no trajeto de ir para a ponte.
Enquanto seguia esse caminho, eu teria que torcer pra a luz não ter caído ainda e chegando ao aeroporto tem que ter uma impressora funcionando. Tem que ter… agora, comecei a pensar como irei fazer para chegar a um avião que esteja com gasolina.
Chegando á uma bela distancia da ponte, eu parei o trator e o desliguei. Aquele barulho deve ter sido ouvido há uma boa distância, tenho que me cuidar senão serei morto fácil.
Olhei para o céu, o sol estava lindo, claro que me cegou por alguns instantes… mais foi bom. Há quanto tempo não olhava pro sol pra admirá-lo. Deixei de fazer coisas que eu fazia quando isso tudo era normal.
Estava andando entre os carros da ponte, com o máximo de cuidado e silêncio. Estava muito suado pelo medo e também por não saber ao certo se o meu plano secreto daria certo!
Marlon: Tem que dar. Tem que dar.
Eu repetia várias vezes à mesma frase com a voz baixa, eu precisava me acalmar.
Marlon: Stir it up!
Little darling, stir it up!
Come on baby come on and stir it up little darling, stir it up
Essa música do Bob Marley me acalmava. Eu estava muito mais calmo, não sei se estava nervoso pelo motivo de estar sozinho, ou por outra coisa. Eu só sei que não podia ficar assim, e a música me ajudou. Resolvi subir em cima de um carro pra ver se via algum zumbi ou o final da ponte, e pra minha sorte… vi o final da ponte.
Marlon: Ufa!
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Estávamos andando juntos em um corredor enorme, aquele Lucas tirou uma arma de um zumbi caído no chão e ia á nossa frente, eu estava muito preocupada se fossemos encurralados por zumbis. Logo vimos algo se mexer no fim do corredor.
Felipe: Atira.
Alice: Não.
Ana: Vai atraí-los pra cá.
Yan: Ou pode ser um ser humano.
Lucas: Só há um jeito de saber.
Paramos de andar e Lucas fez o que não devia. E se for um zumbi?
Lucas: Ei, você aí… está vivo?
???: Thanks for God.
Yooji: Ele pode ter sido mordido.
Yan: Ou não. Vamos perguntar.
Alice: VOCÊ FOI MORDIDO?
Lucas: Você tá loucona? Não é pra gritar aqui. Cheirou Nescau? Aff.
???: No. I’m fine.
Lucas: Good.
Fomos até o homem e ele estava bem vestido com um uniforme da aeronáutica da China.
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Havia chego ao fim da ponte, a avenida estava cheia de zumbis, e eu estava tentando me recordar do caminho que fizemos.
Marlon: Lembrei!
Quando me dei conta algo me cutucava nas costas:
Marlon: Espera um pouco.
Quando me dei conta da situação em que estava, eu olhei rapidamente pra trás e o zumbi estava quase com a boca no meu ombro.
Marlon: Ah seu filho da ****.
???: Gheeeeeeerrrrg.
Dei uma raquetada em suas mãos, e outra em sua cabeça, ele caiu no chão e eu olhei na direção das minhas costas e havia muitos zumbis olhando pra mim, e não queriam brincar de esconde-esconde.
Marlon: Porcaria Fred! (disse me lembrando do EU SOU A LENDA.)
Entrei no carro em que eu estava me escondendo atrás e tentei ligá-lo. Consegui! Mais eles já estavam em cima do carro.
Marlon: Bem vindo ao meu pesadelo.
Comecei a afundar o pé, e logo troquei a marcha e dei ré. Havia um espaço bom pra acelerar e sair do sanduiche de zumbis no qual o carro ela recheio. Afundando o pé de novo, o vidro estava começando a ficar todo sujo de sangue, eu olhei para frente da janela e no meu caminho havia alguns zumbis pela avenida, até a rua de eu virar.
Deixando o carro com uma velocidade estável eu segurava o volante com os joelhos e quebrava o vidro sujo com a raquete.
Marlon: Se acham que vão me impedir de ir pra minha cidade, estão enganados. Eu posso até morrer… mais morrerei lá.
Virei à rua saindo da avenida e reconhecendo a rua que passei depois de algum tempo virei à esquerda, e depois de cinco quilômetros à direita e eu estava na rua do aeroporto.
Marlon: Pronto. Estou perto de sair daqui.