A MØRTE DE UMA GUEIXA
Eram mais de cinqüenta zumbis. Íamos morrer,… os garotos não iam agüentar com todos eles.
Ana: E agora?
Lucas: Não sei… mais correr é bom.
Jinghua Xu: Só se for agora.
Formamos três vilas entre os carros, eu estava correndo desesperada… olhando para trás e voltando o olhar pra frente, eu era uma das últimas pessoas que corriam, as outras duas que corriam mais á minha frente, só que mais perto era Alice e Felipe.
Olhei para trás mais uma vez, estávamos no meio da ponte… quando eu olhei pra frente novamente, eu bati em um carro que estava com a porta aberta. Não fez tanto barulho por isso, mais depois que bati, quando voltei pra trás com a pancada eu puxei a porta pra não cair, mais minha mão escorregou e eu caí e a porta bateu no carro. Nessa altura eu estava mais distante de todos do meu grupo, e um pouco, mas perto dos zumbis.
Lucas: Eles estão caminhando mais rápido em nossa direção.
Marlon: Se escondam de baixo dos carros. Agora!
Yan: Tiemi… é bom você em especial se apressar.
Tiemi: Tá.
Ainda pude dar uma última olhada pra trás, e ver quanto tempo eu tinha até eles chegarem até mim.
Eu estava totalmente desesperada, não queria ser mordida, não queria morrer… com um pouco de jeito e choro, consegui forçar a mochila e fiquei com a mochila debaixo do carro. Sem demora os zumbis começaram a passar. Eu conseguia ouvir seus gemidos horríveis. Estava ofegante, mais tapava a respiração com a mão para eles não me ouvirem.
???: Ghhherrrrrgghh!
Se fosse apenas um, tudo bem… mais eram todos. Era um coral na minha cabeça. Eu fiquei quieta, e olhava para trás com um pouco de dificuldade, e parecia que não acabavam nunca aqueles pés passando entre os carros.
Fechei os olhos com força, não queria pensar mais nisso, nessa situação em que eu estava… no tempo em que eu estava. Queria apenas, saber dôo futuro. Quando abri os olhos, não vi mais pés nenhum. Empurrei a mala rapidamente e de qualquer jeito, e estava já com um sorriso no rosto quando…
Tiemi: Ainda bem passaram.
Alice: Não.
Alice ainda estava debaixo do carro, estava com Yooji. Quando olhei para trás, havia ainda um grupo razoável de zumbis parados atrás de mim.
Tiemi: NÃO.
Saí correndo pelos carros desesperada, não via ninguém.
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Tiemi passou correndo e gritando pelos carros. Os zumbis corriam atrás dela, e é claro que os outros que passaram devem ter ouvido seus gritos, e foram ao encontro dela. Perdemos mais uma.
“DROGA” – pensei comigo. Isso tá uma droga geral. Quero ver até quando vamos ficar aqui, e coitado do Marlon. Vi que ele estava gostando dessa garota. Ele deve ficar arrasado.
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Eu estava cercada, não tinha pra onde fugir. Estava completamente MORTA.
Tiemi: HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
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Tiemi havia parado na frente do carro em que eu estava e eu vi quando ela começou a ser comida… foi horrível… nojento… eu… eu…!
Felipe estava do meu lado e viu quando eu fervi de ódio. Sua expressão estava calma, e ele apenas fazia um sinal negativo com a cabeça.
Eu virei o rosto, e apenas esperei. Felipe assistia a tudo como se fosse um monte de patricinhas de colégio comendo o lanche da cantina do colégio. Eu não poderia olhar. Não uma segunda vez… já é a segunda vez. Porque isso acontece comigo? Até agora, em um mundo apocalíptico eu tenho que ficar sozinho? Que Droga!
Tivemos que esperar bastante, pra mim foi uma eternidade, até que ouvimos um barulho lá atrás. Os zumbis correram para o lugar, que fazia o segundo barulho. Olhei para Felipe e ele fez um sinal positivo. Saímos com as malas com o máximo de cuidado e mínimo de barulho. Enquanto Felipe ia avisar os outros para irmos, eu fiquei ajoelhado ao lado do cadáver de Tiemi. Eu… simplesmente chorei.
Marlon: Perdão… eu devia ter te protegido, eu não queria que isso acontecesse novamente. Eu sinto muito… se eu pudesse voltar no tempo, se eu pudesse fazer diferente. Você estaria viva.
Senti algumas pessoas se aproximando perto de mim pelas costas. Eu só preparei a raquete.
Alice: Não foi sua culpa.
Felipe: Se acalme. Temos que continuar, depressa.
Marlon: Vocês vão à frente avisar os outros.
Felipe e Yooji foram mais Alice ficou.
Alice: Nenhuma das duas vezes foi sua culpa.
Marlon: Será? Tudo que eu queria era só ter uma pessoa que gostasse de mim, e que me amasse. Mais, nunca vou ter isso. Nunca.
Alice me deu um empurrão.
Alice: Nunca mais repita isso.
Olhando para o rosto desfigurado de Tiemi, eu apenas chorava.
Alice: Vamos… Vamos.
Alice me levantou e me ajudou a andar. Eu estava muito triste pra qualquer coisa. Apenas andei acompanhando ela e me juntei aos outros.
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A caminhada era grande e parecia que a ponte não terminava nunca. Num certo ponto, em certo descuido, olhei para Marlon e ele estava triste.
Yan: Não olhe.
Yan disse bem baixo para que Marlon não ouvisse. Olhando pra frente, Jinghua Xu caminhava como quem não agüentaria mais. Ela até que não era de se jogar fora. Mais, eu nem ligo pra isso de namoro.
Finalmente voltando da minha distração para o mundo real, estávamos perto dos últimos carros. Havia bastante ponte, mais o trafego de carro chegara ao fim. Poderíamos pegar um desses últimos carros, um ou dois.
Olhei para trás pra ver onde os zumbis estariam, e não conseguia ver nada além de muitos carros. Logo o ronco de motores misturados apareceu… Yooji e Felipe estavam cada um em um carro.
Yan: Vamos logo pessoal.
No primeiro carro estava Yan, Yooji, Jinghua Xu, e eu. Começamos a andar e depois de alguns minutos e logo saímos da ponte. Yooji seguia pelo caminho da casa de seus parentes, eu apenas observava a vista, eu esperava que o tempo andasse logo e que nós chegássemos rápido á casa dos parentes de Yooji. Eu ainda estava com sono, estávamos andando de madrugada. Ninguém merece.
Entramos dentro de uma colônia, e o carro parou. Finalmente. Paramos em frente á uma casa muito grande (pras casas normais na China).
Yooji: É aqui. Chegamos.
Yan: Vocês se juntem aos outros, Yooji e eu vamos entrar na casa. Conferir se está tudo bem.
Marlon: Não tem outro jeito não é?
Yan: Não. Tomem cuidado, isso aqui é uma ilha.
Lucas: E…?
Yooji: Se vierem zumbis de todos os lugares, corram pra ponte.
Marlon: Tá.
Marlon estava com uma cara triste.
Lucas: Sossegado Marlon. Vamos lá. Aí, não fica grilado não, algum dia todos nós vamos morrer.
Marlon me olhava com decepção, eu sorri pra ele.
Marlon: Vamos logo lá com os outros, e se lembre… olhos atentos.
Lucas: Pode deixar.
Chegamos até o outro carro, Felipe já estava do lado de fora com o machado nas mãos.
Lucas: Eles foram lá dentro ver se não tinha “nada” lá.
Eu disse fazendo as aspas com as mãos quando disse a palavra NADA. Estava torcendo para que eles não achassem nada.
Felipe: Esperaremos cinco minutos, depois entraremos lá.
Logo, Ana, Alice e Jinghua Xu saíram do carro. Elas estavam despertas e com um pouco de medo. Alice era a única no meio das meninas que parecia não temer nada, estava tranqüila.
Ana: Que droga, agente não pode nem dormir sossegado.
Marlon: Vamos ter que fazer turnos de vigia, um revezamento entre nós.
Eu estava preocupado era com o local em que estávamos. Olhava tudo em volta. Essa pequena colônia tinha uma mercearia pequena, um pronto socorro, e muitas casas.
Yan: Vamos.
Yan havia voltado com Yooji.
Yooji: Tá limpo. Vamos pra lá.
A casa era bonita por fora, fomos em silêncio para a casa. Chegando lá, entramos e quem ainda carregava alguma coisa deixou por ali na sala mesmo.
Lucas: E então?
Yooji: Lá em cima há três quartos, se dividam que eu ficarei de primeira vigia.
Yan: Obrigado Yooji.
Olhando os três quartos, um dos quartos tinha uma cama de casal, e os outros dois tinha duas beliches em cada quarto.
Eu só sei que ajudei Marlon a subir as escadas, e desmaiei na cama do lado.
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Lucas deitou e dormiu com um bebê, eu já deitei e não conseguia dormir. Não tirava da cabeça a morte de Tiemi da cabeça. Eu deveria protegê-la, deveria salvá-la, mais Felipe fez que não com a cabeça, eu só conseguia pensar em nunca mais ouvir os outros em relação às pessoas que eu amo… isso inclui algumas pessoas do Brasil se estiverem vivas.
Marlon: Espero que estejam.
Ah! Agora me lembrei de um fato importante, chegando aqui eu não vi nenhum telefone público, nenhum orelhão, nenhum telefone desde que cheguei à China.
Marlon: Mais que diabos…!
Eu me levantei correndo e fui até a sala sem largar minha raquete, onde eu acho que Yooji estava fazendo a vigia…
Yooji não estava. Eu até podia ficar admirando a sala da casa da avó dele, mais preferi esquecer isso. E ir a procura de Yooji.
???: Você só está com raiva, e isso não ajudará.
Estava completamente assustado, aquela voz de mulher ecoou como se fosse um sino em meus ouvidos, eu olhei me virando rapidamente empunhando a raquete como uma espada. Quando me virei, uma mulher linda estava me olhando, ela era uma chinesa morena linda de olhos negros como a escuridão em que eu me encontrava, conseguia ver seu rosto, pois ela estava perto da janela da casa. Suas roupas não davam pra ver muito bem.
Marlon: Quem é você? Como entrou aqui?
???: Tem certeza que eu entrei?
Marlon: Hã?
Yooji: Marlon?
Yooji apareceu ao meu lado, com um líquido preto dentro de um copo que ele segurava junto com seu pé e cabra.
Marlon: Quem é ela?
Yooji: Ela… Quem?
Marlon: Ela!
Disse apontando para o lugar onde a mulher estava, e quando virei o rosto não havia mais ninguém ali.
Yooji: Você está bem?
Marlon: Acho que sim. Onde você estava?
Yooji: Na cozinha. Fui pegar algo pra tomar.
Marlon: O que tem pra tomar lá?
Yooji: Coca.
Marlon: Coca?
Yooji: Todo fim de semana eu vinha pra cá, e meu avô comprava pra mim.
Marlon: Hum.
Yooji: E provavelmente, eles devem…
Marlon: Sim.
Yooji: Essas coisas me deixam puto.
Marlon: Hum.
Eu não sei se é boa hora, mais tinha que saber se ele estava mentindo pra mim sobre os telefones.
Yooji: Você também não fica?
Marlon: Um pouco.
Yooji: Você está mesmo bem?
Marlon: Não!
Yooji: O que houve?
Marlon: Porque mentiu sobre os telefones?
Yooji: Hã?
Marlon: Acho melhor começar a falar a verdade.
Yooji: Tudo bem, eu posso ter dito uma mentirinha pequena.
Ah, mais que Filho… o resto vocês já sabem.
Marlon: Cara, eu to furioso com isso. Alguma sugestão?
Yooji: Seria uma boa hora para um jogo de sumo no X Box?
Marlon: To afim é de quebrar tua cara.
Yooji: Eu preferia o jogo mais…
Agora ele vai ver…
Marlon: Mais não vai mais poder jogar.
Fui correndo em sua direção com a raquete levantada em cima da cabeça. Ele veio correndo em minha direção com seu pé de cabra levantado.