TRIØ PARADA DURA
Eu estava nervoso com aquilo. Queria descansar, se bem que dormimos bastante quando desmaiamos após sermos jogados do avião até aquele celeiro cheio de palha. Palha bem fofa por sinal.
Lucas: Aí galera, eu vou tentar passar por eles com o carro. Tipo… vou dar a volta neles, se eles virem eu acelero. E se for muitos, eu dou ré. E o Yan já vai pensando em algo se eu der ré.
Yan: Ok.
Fernando: Eu e Yooji vamos ajudar você aqui fora.
Lucas: Ok.
Olhei os retrovisores, e não havia carro algum atrás de nós. Nós estávamos com aquela pampa. Não iríamos conseguir, eu acho.
Yan: Vamos Lucas.
Não hesitei mais… acelerei e fomos até então devagar. Quando eles nos viram, eu acelerei e começamos a ir um pouco mais rápido, e eles começaram a correr. Andávamos no acostamento. Quando olhei pra frente, pra sorte de todos… não havia mais zumbis.
Lucas: Isso.
Comemorei.
Fernando: Acelera Lucas.
Quando ouvi Fernando, meti o pé no acelerador. E senti que o carro correu um pouco mais do que antes.
Alice: NÃÃÃÃOOOOOOOO!
Yan: O que aconteceu?
Eu não conseguia virar pra trás pra olhar e dirigir ao mesmo tempo. Olhando no retrovisor vi alguém caído e os zumbis fazendo montinho pra se servir pro jantar.
Lucas: Yan, quem tá caído lá?
Yan: O Yooji.
Ana: Sua culpa de novo.
Lucas: Ta legal.
Parei o carro e me virei para Ana com a cara mais simples do mundo.
Lucas: Venha dirigir.
Jinghua Xu: Não é hora de brigas. Lucas acelera.
Saí do carro e comecei a andar seguindo o caminho sozinho. Yan veio correndo até mim com Fernando e Melissa, Melissa trazia a garotinha.
Yan: Continua dirigindo. A Melissa vai com você lá dentro.
Lucas: Só fala pra Ana que se não fosse por vocês, eu jogaria ela pros zumbis.
Fernando: Agora vamos logo.
Voltamos correndo pro carro, os zumbis estavam correndo na mesma direção, mais nós estávamos mais perto. Eu entrei correndo no volante e meti o pé…
Yan: Vai mais devagar. Eles não terão chance.
Lucas: Ok.
Estava anoitecendo…
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Eu finalmente estava na casa na frente da casa do Marcos. A janela dele estava fechada, parece que não tinha ninguém em casa.
Marlon: MAARCOS!
Eu gritei chamando ele… eu espero que ele esteja aí.
Marlon: MARCOOOOS!
Ninguém respondia, que droga. Ele não tá em casa. E agora?
Marlon: Vou á casa de Gabriel. É dezembro, e ele não deve tá estudando.
Marcos: Marlon?
Marlon: E aí cara tudo bom?
Marcos chegava de bicicleta da mesma direção que eu vim. Estava com boné, bermuda azul e camiseta branca e chinelo de dedo… não devia tá trabalhando, não mesmo.
Marcos: Tudo bom. Aí você não tinha viajado?
Marlon: Sim, é uma longa história. Vamos entrar? É que eu tenho que cuidar da minha perna.
Suspendi minha calça e mostrei como estava minha perna, evitei olhar para só olhar lá dentro.
Marcos: Nossa. Como você fez isso?
Marlon: Lá dentro de falo. Vamos?
Marcos: Vamos. Vamos sim.
Marlon: Antes eu preciso ligar pro Gabriel.
Marcos: Liga ali de casa.
Marlon: Ok.
Entramos pelo portão, marcos passou o cadeado e abriu a casa. Entrando na casa, sua mãe não estava diferente da última vez que fui lá. Eu me sentei no sofá, e marcos continuou de pé:
Marcos: Cara usa aí. Na geladeira tem comida se quiser. Eu vou tomar um banho.
Marlon: Ok. Mais aí… e seus pais?
Marcos: Estão viajando.
Marlon: A. tá.
Ele entrou no banheiro com algumas roupas que tinha pegado em seu quarto, eu sentei no sofá do lado do telefone, peguei o telefone e disquei. Chamou uma, duas, três, quatro…
Marlon: Alô… Márcia? O Gabriel tá aí?… ele demora a voltar?… tá.… Gabriel?… cara,… é eu tava viajando… escuta… EI ESCUTA. Eu to aqui na casa do Marcos. Venha aqui, agora!
Desliguei o telefone. E esperei Marcos tomar banho. Ele demorava muito, fui até a geladeira dele e quando abri uma surpresa… ele tinha bolo de chocolate, torta de maçã, algumas barras de chocolate e uma coisa doce que não sei o nome, e alguns canudos fritos de doce de leite.
Peguei dois canudos e sentei na cozinha. Logo ele saiu do banho, e eu contei tudo a ele o que estava acontecendo desde quando eu cheguei à China. Ele não acreditava e ria às vezes,… mesmo assim eu continuava falando… falei tudo até quando cheguei aqui á casa dele.
Marcos: Cara, isso é muito loucura.
Marlon: É a verdade.
Marcos: Você tá bem mesmo?
Antes de eu responder a pergunta, ouvimos um barulho fora de casa, vindo perto do portão da casa de Marcos.
Marcos: Vamos lá ver.
Ele estava indo pela frente da casa.
Marlon: Espera. Vamos pelo fundo. Aí eu já aproveito e pego sua enxada.
Marcos: Pra que você vai querer enxada?
Marlon: Você vai ver.
Fomos andando, eu andava meio mancando e saindo pela porta da cozinha, vi uma coisa melhor que enxada. Uma marreta, pra ser mais especifico, a marreta que ele usou pra descontar sua força na falecida Joelma, (sim, nós damos nomes a bicicletas).
Passando pelo lado da casa, ele ia á frente, aquela porcaria de marreta era pesada… pra minha surpresa, havia um zumbi, literalmente, no portão.
Marlon: Droga.
Marcos: Haha. Não acredito Marlon. Você acha que eu vou cair em um truque desses? Esse cara nem parece ser um zumbi.
Marlon: Você precisa acreditar em mim.
Marcos: Até a sua perna deve ser aquelas maquiagens de filme e tal e coisa.
Marlon; Você precisa confiar em mim.
Marcos: Você vai fingir que vai dar uma marretada nele não é?
O portão estava meio aberto, e o idiota do zumbi não tinha entrado até aquele momento, mais ele conseguiu entrar… eu dei alguns passos para o lado me distanciando de Marcos, ficando assim perto da porta da frente da casa dele. O zumbi ia em direção a Marcos, ele andava como se tivesse levado algo na perna… Marcos ria disso.
Marlon: EI.
Ele começou a andar pro meu lado, eu levantei a marreta com uma dor nos braços e quando ele chegou perto de mim, soltei os braços pra frente com a marreta, e ele foi direto pro chão.
Marcos: Você tá louco?
???: GGGGHHEEEREEEEEEEEEEEERRG!
Marlon: O mundo está louco.
Eu levantei a marreta mais uma vez, e acertei pela segunda vez aquele zumbi na cabeça. Marcos olhava pasmo.
Marlon: Vamos lá. Vamos atrás de Gabriel.
Marcos: Ah…
Marlon: Cara pegue pra mim… fita adesiva ou isolante, algodão, gazes, e uma pomada pra cicatriz, ou costura, qualquer coisa. E se a bicicleta do seu irmão estiver aí passa ela pra mim e pegue a sua.
Marcos: Mais o Diego…
Marlon: Cara, seu irmão deve ter virado zumbi já.
Marcos: Ele está viajando com meu pai e minha mãe. Eu ia dizer que ele não pode descobrir.
Marlon: A tá. Então vai logo.
Marcos foi pra dentro pela porta da sala, eu fui até o portão, e a rua estava mais deserta que o Saara. Eu voltei pra perto do zumbi e me sentei no chão e comecei a dobrar minha calça pra cima, dobrei até o joelho…
Marlon: Essa é a parte de se machucar que eu odeio.
Marcos: Aqui cara.
Marcos chegou com alguma das coisas que pedi, e outras que eu precisava e não sabia, deixou do meu lado e eu comecei pelo Merthiolate, passei em toda a extensão da costura na minha perna. Ardia demais.
Marcos: Eu vou buscar as bicicletas.
Marlon: Ok.
Depois disso, algodão e esparadrapo por cima foram suficientes pra aliviar… mais por alguns segundos. Logo vi a fita preta que Marcos tinha pegado pra mim, fita isolante, acho que é esse o nome. Peguei a fita e passei sem deixar os gazes com o algodão cair, minha perna estava com uma parte considerável com aquela fita. Havia gasto quase toda a fita do Marcos. Quando olhei para o lado, ele estava lá com a bicicleta dele, e outra grande.
Marlon: E essa bicicleta?
Marcos: O Diego trocou naquela pequena. Aquela ficou pequena pra ele.
Marlon: A tá.
Gabriel: Aí galera… vocês não sabem o que aconteceu.
Gabriel apareceu no portão como um fantasma, montado em uma bicicleta.
Marlon: Apocalipse de zumbis. Noticia velha.
Gabriel: Como vocês?
Marcos: Aquele ali ERA um zumbi.
Disse Marcos apontando para o zumbi que estava caído ali, com a cabeça espatifada no chão, Gabriel entrou e deixou a bicicleta do lado de fora. Meu celular que não tocava música tocou… esse não tinha acabado a bateria daquela vez, eu até tinha me esquecido disso. Atendi a chamada com o viva-voz ligado.
Marlon: Alô.
Lucas: Marlon… sou eu Lucas…
Marlon: E aí cara. Beleza?
Lucas: Estamos na entrada da cidade, onde nos encontramos?
Marlon: Vocês estão aqui?
Lucas: Sim. E na entrada, aonde nós vamos nos encontrar?
Marlon: Espera… me deixa pensar.
Olhando para Marcos e Gabriel, eu me esforcei pra pensar em algum lugar. Aí me lembrando de algum lugar bom, eu me lembrei… mais tinha um, aonde a Amanda iria, não era seguro, mais era também fácil de achar.
Marlon: Cara, Igreja Matriz da cidade, é a única igreja daqui que tem uma torre do lado. É dezembro, e do outro lado da rua é uma praça e tem alguns enfeites de natal.
Lucas: Ok. Vou procurar.
Marlon: Se eu não estiver lá dentro, me espere lá.
Lucas: Ok.
Telefone desligado, eu olhei para Marcos e para Gabriel. Marcos parecia estar calmo, e Gabriel com medo.
Gabriel: Quem era?
Marlon: Um amigo. Eu e ele… e mais algumas pessoas já enfrentamos zumbis.
Marcos: Porque a igreja Matriz se tem a igreja aqui perto que também é católica?
Marlon: Ué. Todo mundo deve ter ido pra lá. Inclusive meninas.
Marcos: Aí eu gostei.
Gabriel: É verdade né? Vamos pra lá sim.
Eu me levantei, os dois pareciam ter vindo de um enterro. Eu estava sentindo dor na perna e na cabeça ainda.
Marlon: Galera, nós somos os Bad Boys, somos o futuro desse mundo.
Gabriel: Para com isso.
Marlon: É verdade.
Marcos: Se tiver menina, eu to nesse futuro.
Marlon: Haha. Marcos… vamos ali à calçada, fora do portão. Vamos lá Gabriel.
Fomos até lá fora, a rua estava deserta, eu e Marcos fomos levando as bicicletas, eu estava com esperança, esperança de finalmente viver do lado de meus amigos, e na cidade que amo. Nós montamos nas bicicletas e ficamos parados, Marcos estava no meio da rua do meu lado esquerdo… Gabriel do meu lado direito. Eu estava no meio dos dois, como naqueles filmes americanos.
Marlon: Vamos lá, nós somos bons em nos desviar de coisas, pessoas e automóveis quando queremos, nós corremos quando queremos, andamos bem quando queremos… então hoje, pelo menos agora, vamos andar como se fossemos os mocinhos de filmes… vamos fazer como sempre fazemos.
Gabriel: Isso aí Marlene.
Gabriel sorriu. E Marcos gargalhou.
Marlon: Sem apelidos.
Marcos: Se tem meninas… elas que me esperem!
Gabriel: Nós vamos chegar lá rapidinho. Eu vou encontrar a Milena.
Marlon: E eu… vou encontrar a Amanda.
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